Transporte público: enquanto não há renovação, empresas circulam repletas de multas e irregularidade

Equipes chegaram na garagem da empresa de ônibus logo cedo
A intervenção do Governo do Distrito Federal no Grupo Amaral expõe a grave situação do sistema  de transporte público da capital federal. Muito além de uma única empresa com problemas de gestão, todas as integrantes do sistema atual possuem algum tipo de irregularidade, e seguem operando até que se conclua a licitação dos ônibus.

O cenário alarmante é traduzido em números:  segundo dados do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), no ano passado, foram aplicadas 13.501 autuações às permissionárias do transporte público. Ou seja, foram 36,9 infrações por dia. O balanço de 2012 é 4,1% maior do que o registrado em 2011, quando foram contabilizadas 12.980 multas.

São exemplos de irregularidades a falta ou a precariedade de equipamentos, e o descumprimento de horários. Tanto nas ruas como nas garagens das empresas,  flagrantes dessas irregularidades ocorrem a todo instante. São pneus carecas, faróis e para-choques quebrados, e volantes e bancos em péssimo estado de conservação.

Campeãs 
Embora o GDF não tenha detalhado a quantidade de multas por empresa, o diretor-geral do DFTrans, Marco Antonio Campanella, adianta que as empresas que compõem o Grupo Amaral estão entre as campeãs em infrações. “Desde o ano passado, a precariedade do transporte coletivo do DF tem nos chamado a atenção”, afirma.

Quanto à frota do grupo,  Campanella explica como será o processo de recuperação: “Nosso objetivo é recuperar os ônibus que estão parados por diversos problemas, como por falta de manutenção”, diz.

Saiba Mais
O Grupo Amaral responde por 13% a 15% do sistema de transporte público no DF.
Os ônibus atendem aproximadamente 2,5 milhões de passageiros por mês.
A empresa opera nas regiões de Sobradinho, Paranoá, Plano Piloto, Itapoã, São Sebastião e Planaltina. Esta última é considera a cidade com piores condições.

O GDF já comprou óleo diesel para abastecer os veículos. O governo não descarta a possibilidade de futuramente entrar com ações judiciais contra o Grupo Amaral, mas esta não é a prioridade o Buriti neste momento.


Decisão "arbitária" 
O Grupo Amaral se manifestou por meio de nota. No texto, a empresa classifica a decisão do GDF como “arbitrária, injusta e ilegal”: “O grupo tomará as medidas administrativas e judiciais que o fato requer”, informou. No documento, a empresa também afirmou que manterá as operações nas linhas interestaduais e na Região Metropolitana do Distrito Federal. “Os possíveis interventores já foram identificados e não poderão causar dificuldades na prestação dos serviços”, completou.

Procurado pelo Jornal de Brasília , o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e das Empresas de Transportes Coletivos (Setransp-DF) afirmou que não irá se posicionar a respeito da decisão do GDF.

Nova gestão 
O presidente da TCB, Carlos Alberto Koch, responsável pela administração provisória das empresas, estima que dentro de 15 dias seja possível ampliar a oferta de ônibus do Grupo Amaral, após os reparos nos veículos. 

Já a licitação dos ônibus deve ser concluída ainda nesse semestre. Das cinco bacias para operação do transporte, duas já foram licitadas e os  contratos foram assinados.

Rodoviários comemoram 

Pneus carecas, bancos rasgados e lataria sucateada são comuns não só entre os carros do Grupo Amaral, como  das demais empresas .

Na garagem do Grupo Amaral em Sobradinho, a manhã foi de comemoração, pelo menos por boa parte dos funcionários. Eles acreditam que com o GDF assumindo a gestão das três empresas, problemas como salários atrasados e veículos sem condições de circular  possam ser resolvidos.

Um motorista que não quer ser identificado   contou que os veículos estão em situação crítica, o que oferece um grande risco aos passageiros e aos condutores. “A gente anda com medo, pois os freios são ruins e o barulho do motor é ensurdecedor. Sem contar que quase que diariamente ficamos presos na estrada porque os ônibus são tão ruins que quebram no caminho. O pior de tudo é que a empresa não faz nada, simplesmente finge que não ouviu nossos questionamentos”, reclamou.

Combustível 
Assim que assumiu as três empresas do grupo, o GDF   foi em busca de novos fornecedores de peças para a manutenção dos ônibus. Além disso, o governo vai cuidar da folha de pagamento dos funcionários e garantir combustível nas bombas das garagens, que estão vazias, obrigando os motoristas a se deslocarem a postos.

Segundo os motoristas e cobradores, nenhum ônibus foi barrado de sair das garagens ontem. Eles afirmaram que as linhas estavam saindo no horário programado, porém não com o número suficiente para a demanda, uma vez que boa parte está fora de circulação.

Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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