Por problemas em ônibus, GDF assume linhas do Grupo Amaral

Decreto publicado no Diário Oficial do Distrito Federal desta segunda-feira (25) determina a revogação das permissões de prestação de serviços de transporte coletivo de empresas do Grupo Amaral. A medida, que não tem prazo para acabar, foi tomada por causa de descumprimento de acordo a respeito do serviço oferecido, diz o GDF.  Enquanto as empresas estiverem impedidas de atuar, o governo assume os serviços.

Os principais problemas constatados pelo governo são relacionados com a quantidade de ônibus em circulação e com a manutenção dos veículos. Fiscalização realizada pelo DFTrans  na última sexta-feira (22) constatou que 186 ônibus do grupo estavam em circulação, quando o número deveria ser de 350.

"Tomamos a medida para garantir a manutenção do serviço do transporte público da nossa população. Estivemos em contato constante com a empresa, fizemos um esforço por meses seguidos, fizemos um TAC [Termo de Ajustamento de Conduta], junto ao Ministério Público. A empresa assegurou que aumentaria a frota e o que aconteceu foi o contrário, trabalhando com 45% da frota na última sexta-feira [22]", afirma o governador Agnelo Queiroz.

A revogação diz respeito às empresas Rápido Brasília, Rápido Veneza e Viva Brasília.  Elas atuam em Sobradinho, Paranoá, Planaltina, Itapoã e São Sebastião e atendem a cerca de 2,5 milhões de pessoas por mês, o que representa entre 13% e 15% do transporte coletivo do DF, segundo o secretário de Transportes do DF, José Walter Vazquez.

"Fomos até a garagem do grupo no Paranoá e notamos que metade da frota estava em manutenção. A empresa foi diminuindo progressivamente a frota. Por isso estamos tomando essa medida, amparados na lei", afirma o governador. Segundo o secretário de Transportes do DF, José Walter Vazquez, as empresas estavam atendendo entre 70% e 80% das viagens previstas.

Pelo TAC firmado junto ao MP, a empresa também se comprometeu a investir R$ 880 mil por mês para promover melhorias nas condições do transporte. Segundo o GDF, as empresas não cumpriram o acordo.

Quem assume
Uma portaria do DFTrans indica que, paralelamente à revogação da concessão, foi autorizada a ocupação temporária das garagens mantidas pelas empresas. A Secretaria de Transportes, por meio da Transportes Coletivos de Brasília (TCB), e o DFTrans ficam responsáveis pelos serviços de transporte público coletivo geridos pelo grupo.


Para isso, eles têm autorização para assumir provisoriamente o controle dos bens imóveis e móveis, do pessoal e das atividades necessárias e adequados à continuidade da prestação dos serviços, até o início da operação das novas concessões do serviço ou de contratações emergenciais.

De acordo com o decreto, os valores tarifários arrecadados durante a ocupação provisória serão depositados em conta bancária específica, aberta pelo DFTrans. O recurso deverá ser empregado apenas para o custeio das operações decorrentes da assunção dos serviços.
Em entrevista coletiva nesta manhã, o governo afirmou que funcionários das empresas e usuários do sistema não serão prejudicados. Os funcionários continuarão contratados e benefícios que não estavam sendo arrecadados, como o FGTS, serão cumpridos. Para a população, as tarifas continuam as mesmas e variam entre R$ 1,50 e R$ 3,00.

O governo se comprometeu ainda a realizar uma manutenção leve nos ônibus, sanando problemas em pneus e freios, por exemplo. A expectativa é que em até 15 dias a frota esteja toda em circulação, o que, espera o GDF, terá impacto positivo sobre a população.

O governo prevê investir até R$ 15 milhões em 90 dias, para que não haja prejuízo no atendimento à população. O secretário de Transportes afirma que até o fim desse período o fluxo de caixa das empresas será restabelecido. O GDF já gastou R$ 1,5 milhão com a compra de combustível.

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do DF, Wagner Canhedo, classificou a decisão do governo como um "absurdo". 

"O sindicato é contra esse absurdo que o governo está fazendo de intervir, porque é ele mesmo quem está causando essa descontinuidade e esse mau serviço prestado pelas empresas com o congelamento da tarifa há sete anos", disse. Canhedo calcula que as tarifas precisariam ser reajustadas em 50% para que o sistema se equilibre.

Indícios de problemas
No último dia 13, por causa de denúncias de que as empresas do Grupo Amaral estavam descaracterizando ônibus e levando os veículos para cidades de Goiás, o DFTrans havia proibido ônibus do grupo de circular fora das divisas do DF. O Grupo Amaral também não poderia retirar ou substituir peças e equipamentos dos veículos.


"Identificamos cinco carros descaracterizados, que deveriam circular no DF mas estavam atendendo ao Entorno. Isso é uma falta de compromisso das empresas com a população", afirma o secretário de Transportes, José Walter Vazquez.



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